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História Homenagem

Poeta Claudio Cardoso

O Poeta dos versos matutos moderados.

30/06/2019 às 10h08 Atualizada em 30/06/2019 às 10h15
Por: Phablo Monteiro
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Poeta Claudio Cardoso
Poeta Claudio Cardoso

Claudio Lopes Cardoso, nasceu no dia 03 de abril de 1950, na Porangaba, povoado de Atalaia. É filho de Severino Cardoso da Rocha e Esmeralda Lopes Cardoso.

Durante sua juventude, Claudio era goleiro de um time local da Porangaba e foi desde esse momento que veio a inspiração para escrever sua arte, mais precisamente no final da década de 60. Como goleiro, via tudo que acontecia na partida e logo após o final de cada jogo, escrevia tudo que tinha visto e a noite recitava os versos aos jogadores e amigos do time, na porta da igreja em Porangaba.  O time que Claudio defendia era o Esporte Clube Porangaba.

Em 1981, quando Claudio Cardoso veio morar na cidade, foi o momento que a poesia despertou mais em sua vida. Já trabalhando como funcionário da Câmara Municipal de Atalaia, Claudio teve o apoio do então vereador Chico Vigário, que o ajudou na publicação do seu primeiro livro em 1986, o nome do livro era “O Cambalacho do Andresa”.  O Cambalacho do Andresa é um cordel que conta a historia de um camarada que passando fome, pede ajuda aos amigos, mas recebe como respostas criticas e palavras como ‘vagabundo’. Vendo que não iria conseguir ajuda, inventa que a mulher tinha morrido, pediu dinheiro para enterrar a mulher, todo mundo ajudou e a tarde, quando a população foi ao enterro tiveram uma grande surpresa, a mulher estava viva.

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“Escrevo mais o que eu vivencio no meu meio. Minha obra pode ser chamada de matuta, mas uma obra matuta moderada.”

Atalaia sempre teve uma base de inspiração muito forte em seus trabalhos, pois, é tratada pelo poeta como terra querida, como seu berço, sempre agradecendo a população pelo apoio a suas obras.

“Atalaia para mim é lugar maravilhoso, apesar de ser tão criticada por alguns, não posso criticar Atalaia, pois, sempre tive apoio dos atalaienses.”

De 1995 a 2005, Claudio participou de vários programas na Radio Gazeta. Foi convidado por seu amigo, o já falecido Ferreira Junior. No começo o programa que Claudio participava ia ao ar as quintas-feiras. Também participou de programas na Radio Gazeta FM com Douglas Lopes, Geléia, Geane Moura, o Borjão. Sua participação na Radio Gazeta AM, comandada por Ferreira Junior é lembrada com muito carinho e emoção por este grande artista atalaiense. Claudio tinha um espaço para contar seus versos, um espaço que poderia parecer pequeno se comparado a qualidade da arte de Claudio Cardoso, pois variava de 10 a 15 minutos, mas para o poeta era uma participação enorme, pois, se tratava de um reconhecimento ao seu talento, pois, sua participação era um sucesso entre os ouvintes.

Claudio Cardoso já publicou 23 livros, sendo que o primeiro, o cordel Cambalacho do Andresa é um dos seus preferidos. Também o Livro Dê Licença Matutá é muito lembrado pelo poeta, um dos versos desse livro diz: “E não sei porque tem pobre, com geladeira padrão, no pensar desse caboclo é mió televisão. Na Tv, pobre vê tudo e na geladeira não.

Devido aos grandes números de pedidos, principalmente de um publico fiel que o acompanha, o poeta em breve lançará outro livro, intitulado “De novo verso pro povo”.

"Pai de moça não devia
botar rapaz na cadeia
uns esquece o que fazia
com as pobre das fia alheia."
Cláudio Cardoso

"Ou muié ou bateria
quem emprestar se aperreia.
Bateria vem vazia
e a muié vorta cheia."
Cláudio Cardoso

"Meu salário é tão pequeno
que inté posso afirmar
seu gastá-lo com veneno
num vai dá pra me matar."
Cláudio Cardoso

"Como poeta não sou
visto iguá como bacharé
pé no chão, simpre poeta
sem diproma e sem ané
mas eu tenho a formatura
da rica literatura de cordé."
Cláudio Cardoso

"Depois de morto não quero
chôro, vela, reza e véu
quero sim, agradecer
quem pra mim tirou chapéu
eu daqui pegando a reta
vou trabalhar de poeta
ou no inferno ou no céu."
Cláudio Cardoso

"Se não houvesse mizéra
e a gente nunca morresse
quando comprasse fiado
a conta nunca crescesse
e quando fosse pagar
o dono não recebesse
eu dizia todo dia
que mundo bom era esse."
Cláudio Cardoso

"O dinheiro compra gado,
roupa, remédio e bebida,
fazenda e supermercado,
carro, mansão e comida
dinheiro compra o poder
mas eu só queira ver
o dinheiro comprar vida."
Cláudio Cardoso

"E o Sol quente que tosta
segundo Mané da Cruz
mêrmo tando nas artura
o calor ele conduz
mas não sei o que o Sol quer
pois o Sol não é muié
e só vive dando luz."
Cláudio Cardoso

"Duas coisas pra mim
que não têm muito valor
é uma sogra bem ruim
e meu tito de eleitor."
Cláudio Cardoso

"Eu penso que urubu diz
sou feio, pobre e preto
mas isso me faz feliz
pois não sirvo de galeto."
Cláudio Cardoso

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