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Milton da Costa e Silva, o Zí

Liderança política da Rua de Cima, foi vereador de Atalaia por duas Legislaturas consecutivas: 1955-1958 e 1959-1962.

16/12/2023 às 14h10 Atualizada em 21/12/2023 às 10h09
Por: Phablo Monteiro
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Milton da Costa e Silva, o Zí
Milton da Costa e Silva, o Zí

Milton da Costa e Silva, popularmente conhecido como Zí, nasceu no município de Atalaia, Alagoas, em 02 de julho de 1905. Filho do senhor João Aristides da Costa e Silva e de Dona Esmeralda da Costa e Silva. Irmão de Agamenon da Costa e Silva. 

Seu pai foi militar, chegando a ocupar o posto de Tenente-ajudante e secretário do 8º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, ligada ao Comando Superior de Atalaia.

Foi casado com a senhora Regina Isidoro Melo, com quem teve uma filha: Maria Lúcia da Costa Melo. 

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Residiu com sua família em um sítio localizado na Cidade Alta (Rua de Cima), onde foi comerciante, dono de mercearia e da Padaria São Sebastião, em homenagem ao Santo a quem ele dedicava devoção.

“Tinha um cuidado imenso com as frutas que cresciam nas árvores do seu sítio, chegando até a embalar em sacolas ou engarrafar, para que os pássaros não estragassem as frutas que estavam ficando maduras”, destaca sua filha Lúcia.

Grande entusiasta da cultura popular, não media esforços para organizar festas culturais em frente à sua residência, trazendo o Guerreiro e o Coco de Roda para animar a população local que teve na pessoa de Milton da Costa e Silva, uma de suas principais lideranças.

Zí destacou-se também como uma das principais figuras da Cavalhada em Atalaia, correndo sempre pelo encarnado (vermelho) ao lado de amigos como Luiz Vigário e Rivadávia.

No Bloco Carnavalesco “Bacalhau na Vara”, organizado por seu irmão Agamenon, gostava de se fantasiar de “bobo” usando uma máscara horripilante. Montado em um cavalo, saia de sua residência na Rua de Cima e percorria todas as ruas da Várzea, dando um colorido especial ao Carnaval de Atalaia. Sua filha Lúcia nos lembra que as crianças ficavam curiosas e alvoroçadas para tentar “adivinhar quem era aquele bobo”.

“No artigo “Atalaia, o Tempo e Eu IV”, publicado no Jornal Folha Atalaiense, o dentista Wild Silva conta uma história cômica envolvendo o Zí, relatada pelo ex-vereador Eurico Tenório. “Disse ainda que uma vaca do Zí entrou no sítio do Dr. Luiz Augusto, querendo desfazer do laranjal do Dr. Luiz e quando alcançou uma laranja que estava no chão, a danada era tão azeda que as “pontas” da vaca se tocaram e ela berrando fazia: zíiiiiiiiiiii”.

Nas décadas de 50 e 60, quando a principal diversão dos atalaienses era assistir aos filmes no Cinema Clube, do saudoso Pedro Lopes de Vasconcellos, Zí preferia mesmo era se juntar aos amigos na casa do ex-prefeito Manoel de Miranda Cabral (Né Miranda), localizada na Rua Marechal Deodoro, para longas partidas de baralhos e divertidas prosas, que contavam também com as ilustres presenças do Seu Leite do Cartório, Seu Agamenon, Major Moço da Sapucaia, Manoel Ormindo, José Rodrigues, entre outros. 

Sua destacada liderança, exercida principalmente na Rua de Cima, fez com que naturalmente buscasse representar aquela população na Câmara Municipal de Atalaia. Aceitou convite do então prefeito José Tenório de Albuquerque Lins (Major Zé Tenório), integrando com lealdade o grupo político dos Tenórios da Ouricuri. Zí foi eleito vereador por dois mandatos consecutivos, nas Legislaturas 1955-1958 e 1959-1962, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Atalaiense nato, tinha o hábito de chamar de "forrastêros" aqueles que não eram originários de sua cidade natal. “O baixinho e barulhento Zí, senhor absoluto da Rua de Cima, taxava aos que não eram filhos de Atalaia, de “forrastêros”, destaca Wild Silva, no artigo “Atalaia, o Tempo e Eu I”.

Durante sua trajetória política, Milton da Costa e Silva contou com o apoio de Arnon de Melo, de Muniz Falcão e do atalaiense Abraão Fidelis de Moura. Mas, nutria uma grande amizade com o Major Luiz Cavalcante, governador do Estado de Alagoas nessa época. Sua residência era muito frequentada por todas essas grandes lideranças políticas. 

“No limiar da década de 1950, havia em Atalaia, principalmente na época de eleições, muitos comícios com a presença de destacadas autoridades e políticos ilustres. Conta-se que, por ocasião da visita do Governador Muniz Falcão à Atalaia, para um comício na Cidade Alta (Rua de Cida), o primeiro orador a fazer uso da palavra foi o saudoso Milton da Costa e Silva, popularmente conhecido como Zí. O poder de oratória e retórica do vereador foi tão brilhante que o Governador Muniz Falcão ficou impressionado, a tal ponto que indagou ao prefeito de então, José Tenório, quem era aquele orador. Evidentemente não sabia o Governador que o Zí tinha uma capacidade imensa de decorar discursos preparados pelo Professor Genário”, destaca Getúlio Pereira Leite, no artigo “Palavras de um Professor”, publicado em 1998 no Jornal Folha Atalaiense.

Não era privilégio exclusivo do Zí contar com os brilhantes textos redigidos pelo ex-prefeito Genário Cardoso de Farias, pois quando se tratava de solenidade oficial que se exigia discurso lido, os políticos recorriam ao brilhantismo daquele ilustre mestre.

Como curiosidade, sua filha Lúcia Melo lembra com carinho da técnica utilizada pelo ex-vereador, para fazer bonito em seus discursos políticos. “Gostava de ir lá para o fundo do seu sítio, próximo da BR-316, onde passava horas ensaiando os discursos que iria fazer nos comícios durante as campanhas políticas. E, muitas vezes, ele convidada as crianças para ficarem assistindo os ensaios”. 

Em março de 1962, o vereador Milton da Costa e Silva foi designado pela Câmara de Atalaia, para ser o orador oficial do Legislativo na solenidade de inauguração da luz elétrica da CEAL na cidade de Atalaia, no dia 20 daquele mês. “A felicidade que me empolga a dizer do meu contentamento em saber que Atalaia, com a luz elétrica de Paulo Afonso, através dos esforços do prefeito José Tenório de Albuquerque Lins, do governador do Estado Luiz Cavalcante e dos diretores da Companhia Elétrica de Alagoas – CEAL, viveria um dos dias mais brilhantes nos anais da sua história social, política, econômica e financeira, para felicidade geral de sua gente”, destacou em seu discurso, o vereador atalaiense.

Aos 66 anos de idade, Milton da Costa e Silva faleceu no dia 7 de janeiro de 1972, no Hospital São Sebastião, em Maceió. A causa de sua morte foi enfisema pulmonar.

Na sessão ordinária de abertura do ano legislativo de 1972, realizada em 31 de janeiro, a Câmara de Atalaia aprovou Moção de Pesar endereçada à viúva do saudoso ex-vereador Milton da Costa e Silva.

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