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Antônio Cabral Toledo – O Major Tonho

Ex-vereador do município de Atalaia na década de 30.

09/02/2021 às 18h02 Atualizada em 28/08/2021 às 10h07
Por: Phablo Monteiro
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Antônio Cabral Toledo foi vereador de Atalaia na década de 30.
Antônio Cabral Toledo foi vereador de Atalaia na década de 30.

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No dia 4 de outubro de 1898, nascia na Fazenda Campina, em Atalaia, Alagoas, ANTÔNIO CABRAL TOLEDO, o Major Tonho da Campina, o terceiro de uma grande prole de 13 filhos do casal Eustáquio Toledo Machado e Júlia Cabral Toledo.

É neto do ex-Intendente (prefeito) de Atalaia, Antônio Toledo Machado. Sobrinho do ex-prefeito de Atalaia, Eberard Eloy de Medeiros Cabral. Seu pai, o Tenente Eustáquio, foi Conselheiro Municipal em duas oportunidades.

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Casado com MARIA JOSÉ ROCHA TOLEDO, irmã de sua madrasta Izabel Rocha Toledo. Desse matrimônio nascem MARIA CELINA TOLEDO BARBOSA, nascida em 1926 (hoje com 94 anos) e GERSON ROCHA TOLEDO, nascido em 1929 e falecido de difteria em 1932.

Em novembro de 1935, participa das eleições municipais de Atalaia, concorrendo ao cargo de vereador. É eleito para a primeira Legislatura após a Revolução de 30 e ocupou a função de 2º Secretário. 

Seu mandato durou de 2 de janeiro de 1936 até 10 de novembro de 1937, quando foi interrompido em razão da ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, que decretou, entre outros, o fechamento das Câmaras Municipais em todo o território brasileiro.

Décadas mais tarde voltaria a ser convidado para representar a população atalaiense na Câmara de Vereadores, mas, segundo relato de sua filha, Major Tonho não aceitou. Motivo: Só aceitaria ser candidato caso não houvesse remuneração.

Homem Culto. Agricultor. Residia com sua família na Fazenda Campina. “Sempre morou na Fazenda Campina, pois não gostava de outro lugar”, destaca seu neto, Sérgio Toledo Barbosa, médico ortopedista. 

Não foi um homem rico, mas sempre viveu do que plantava, de forma independente.

Muito conversador, dizia que deveria ter sido marinheiro ou professor, porque gostava muito de andar e de estudar. E, completava: Infelizmente sou um péssimo agricultor”, lembra Cícero Toledo Neto, primeiro neto do seu irmão mais velho, o ex-deputado estadual Cícero Cabral Toledo.

O poeta Cícero Toledo Neto homenageou seu tio Major Tonho no poema Saga de uma Família, publicado no livro Poeta Daqui, Versos: 

“Tonho seria o poeta

Professor ou marinheiro

Conhecer o mundo inteiro

Era sua grande meta

Dava notícia correta

De política e guerra fria

O rádio era sua companhia

Pode falar quem quiser

Deixava até mulher

Atrás de uma bateria”.

Major Tonho da Campinas era uma pessoa folclórica, como bem destacou o poeta em seus versos.

Sempre gostou muito de rádio e Major Tonho saia do engenho Campinas levando a bateria no ombro para recarregar na Usina Capricho. Imagine na época de inverno, quando não era possível o acesso de transporte. Mas, para não perder as transmissões, levava a bateria nas costas. Era capaz de um sacrifício desse tamanho, para continuar tendo uma informação de boa qualidade”, relata Cícero Toledo Neto.

Aos 89 anos de idade, em 1º de novembro de 1987, menos de oito meses após o falecimento de sua esposa Maria José Rocha Toledo, faleceu em Atalaia o Major Tonho.   

ANTÔNIO CABRAL TOLEDO por seu neto Sérgio Toledo Barbosa:

“Seu Tonho, Major Tonho, Tio Tonho e Vô Tonho.

Bom dia, boa tarde, de onde vem, para onde vai? Sempre saudava assim as pessoas que encontrava. E completava: quem é seu pai e sua mãe? Não era uma simples curiosidade e sim interesse em fazer amizade.

Montado em seu transporte habitual, a burra Surabaya. E de onde vem o nome? Surabaya é uma cidade da ilha de Java, na Indonésia!

Como ele achou o nome? Lendo. Era um autodidata. O Jornal de Alagoas editado em Maceió chegava de trem à Usina Capricho, de onde semanalmente pegava para ler de tudo e discutir com alguns.

Gostava de fazer um passeio que era ir até a fazenda Grutão, onde o Zeca Miranda, pai do Tonho Miranda, residia. Eu pegava sempre uma carona na garupa da Surabaya.

Possuía um rádio que funcionava com bateria de caminhão. Volta e meia tinha que levar à usina Capricho para dar carga. Ouvia a Voz da América. VOA português. Ficava "corujando" até conseguir "pegar" a emissora com programação dirigida para o Brasil.

Preocupado com a expansão do comunismo, vaticinava que o mesmo iria avançar pelo mundo. Que bom que não se concretizou. Ouvia então uma rádio da Checoslováquia que apresentava programa para o Brasil em português através de uma alagoana Julieta e seu esposo George.

Tinha um espírito de cuidador. Fazia curativos e medicava seus colaboradores. Na época da vacina da varíola, vacinou a todos familiares e colaboradores. Usou a pena de caneta tinteiro escarificando o braço (ombro). Das garotas o terço superior da coxa para não aparecer nos decotes. Naquele tempo não existia maiô.

Acompanhei o tratamento de um garoto que havia quebrado a perna. Usou breu com ovo e colocou a perna do paciente em duas telhas. De forma que o pé e joelho ficavam alinhados para um bom resultado após um mês de cama.

Dizia de um famoso usineiro seu amigo: era tão sabido que se fosse mais um pouco seria desonesto. Completava: você vai fazer uma cobrança a ele e termina emprestando mais dinheiro de tão convincente que era sua conversa.

Sempre honesto e humilde. Capaz de aprender cada dia mais. Amigo dos amigos. Chegou a ser um "segurança" de José Ribeiro Toledo quando o mesmo ia pegar o numerário necessário para os pagamentos da Usina. Seu Tonho ia e voltava com ele à Maceió”.

Maria Celina, Major Tonho e Maria José Rocha Toledo.

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