As eleições municipais de 2024 na cidade de Atalaia foram históricas, com a atual gestora do município, a Ceci, sendo reeleita com a votação recorde de 19.600 votos, confirmando o que apontavam as projeções sobre a ampla aceitação de sua gestão.
Além do expressivo resultado alcançado pela prefeita atalaiense, a projeção política do vice Nicollas, a consolidação da força política do vereador Rudinho, a renovação na Câmara e uma oposição atordoada são alguns dos temas analisados pelo estudante de ciências sociais da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e estudioso da política atalaiense, Igor Ulisses, em entrevista exclusiva ao site Atalaia Pop. Igor fez uma análise sobre o resultado das urnas no município, no pleito eleitoral deste último domingo (6).
Sobre a reeleição da prefeita Ceci, Igor destacou que foi um marco histórico para o município. “O resultado da disputa majoritária mostrou que, mesmo se a oposição tivesse se unido, a atual prefeita venceria com uma vantagem expressiva. Além disso, essa eleição foi crucial para consolidar a prefeita como uma liderança política local e regional, evidenciando que, mesmo sem o apoio da base que a trouxe inicialmente ao município, ela conseguiu uma votação superior à de 2020, quando ainda fazia parte do grupo original”.
“O resultado também destacou o acerto das pesquisas eleitorais, que apontavam uma média de 76% de intenção de votos para Cecília, confirmando a importância de contar com um instituto de pesquisa confiável durante a campanha”, completou.
Igor Ulisses apontou erros estratégicos cometidos pela oposição. “A oposição não conseguiu definir um discurso central e, diante do favoritismo de Cecília, deveria ter focado em eleger vereadores para garantir uma oposição atuante na Câmara Municipal. Com isso, todas as 13 cadeiras serão ocupadas por vereadores da base aliada de Cecília, deixando a oposição sem representação formal”.
“A oposição em Atalaia não conseguiu eleger nenhum vereador, e tudo indica que Ceci não enfrentará oposição no parlamento, o que é muito significativo. Durante os quatro anos do primeiro mandato, o vereador Maurício liderou uma oposição bastante barulhenta. Após as eleições de 2022, os vereadores Anderson e Marcos se juntaram à oposição, o que intensificou a resistência na Câmara. No entanto, no próximo mandato, os três estarão fora da Câmara Municipal”, ressaltou o analista político.
Para Igor, passada a eleição, agora a Câmara se torna o centro das atenções políticas em Atalaia. “Na minha opinião, a partir das próximas semanas, a Câmara será o centro das atenções políticas em Atalaia, principalmente pela disputa que haverá pela presidência. Acredito que, assim como foi na escolha do seu vice, Cecília apoiará para presidente da Câmara quem for da sua extrema confiança”.
Sobre a renovação na Câmara Municipal para a legislatura 2025 a 2028, Igor destacou: “Na ciência política, existem diferentes formas de renovação. A renovação bruta, que se refere ao número de novos representantes eleitos, foi significativa, com a entrada de seis novos nomes na Câmara. Vale ressaltar que Fernando Vigário, Maurício Tenório e Marcos Rebollo não se candidataram à reeleição. Além disso, a taxa de conservação de mandatos dos vereadores que buscaram a reeleição foi positiva: dos dez que se candidataram, sete conseguiram se reeleger com sucesso”.
Igor Ulisses destacou também o papel de protagonismo do vice-prefeito eleito. “Nicollas, agora eleito vice-prefeito, também desponta como uma das figuras-chave no tabuleiro político de Atalaia. Cotado nos bastidores como o sucessor natural de Cecília, ele precisará definir com precisão suas estratégias para garantir sua posição no jogo político”.
Para Igor Ulisses, a reeleição do vereador Rudinho, sendo disparadamente o mais votado pelos atalaienses, o consolida como um dos principais nomes da política no município.
“A votação do vereador Rudinho foi uma confirmação de todo o trabalho realizado durante seus quatro anos de mandato. Além disso, o resultado evidencia que Rudinho se consolida como uma das peças centrais no tabuleiro político de Atalaia. Sua posição nos próximos capítulos dependerá das estratégias políticas que ele adotar daqui em diante”, ressaltou.
Para o entrevistado, os atalaienses contrariaram as “análises políticas” e fizeram questão de ir às urnas para confirmar o apoio à atual gestora. “Houve um número significativo de abstenções, mas não é possível estabelecer uma demonstração de causa e efeito entre essas abstenções e a falta de uma campanha majoritária competitiva. Em 2020, mesmo com uma campanha competitiva, as abstenções chegaram a 22,09%. Em 2024, esse número foi de 20,64%, o que indica que, ao contrário do que esperavam alguns 'cientistas políticos' de Atalaia, a população compareceu às urnas para escolher seus representantes”.
Por fim, Igor analisou o que significou a derrota nas urnas de Júnior Vigário, o que deixa a família Vigário sem representação na Câmara Municipal.
“Um fato significativo foi a derrota de Júnior Vigário. Avalio a candidatura do filho do ex-prefeito de Atalaia como uma tentativa de reposicionar o nome da família no cenário político local, o que não foi bem-sucedido. Acredito que será muito difícil para a família reunir forças para enfrentar futuras eleições em Atalaia. Podemos estar presenciando o fim da era política da família Vigário na cidade, assim como já aconteceu com outras famílias, a exemplo dos Lopes, Batalha, Medeiros, entre outras. Geralmente, essas famílias conquistam o poder, mas chega um momento em que o declínio é inevitável”, concluiu o atalaiense Igor Ulisses.