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Portal Eufemea conta a história de superação da atalaiense Luana Camilo, ex-empregada doméstica que se tornou advogada criminal

“Eu poderia ser uma menina que por tudo que eu vivi, em vez de ser advogada, era forte candidata a ser cliente de alguém da área criminal”, destaca a advogada.

27/03/2023 às 20h41 Atualizada em 03/04/2023 às 21h02
Por: Phablo Monteiro Fonte: Eufemea I Meline Lopes I Site Cada Minuto
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Atalaiense do Distrito Branca, Luana Camilo, ex-empregada doméstica que se tornou advogada criminal.
Atalaiense do Distrito Branca, Luana Camilo, ex-empregada doméstica que se tornou advogada criminal.

O primeiro portal de conteúdo feminino do Nordeste, EUFEMEA, trouxe como reportagem destaque desta segunda-feira (27), a história de superação da atalaiense do Distrito Branca, Luana Camilo, ex-empregada doméstica que se tornou advogada criminal.

Assinada pela colunista Melina Lopes, a matéria traz uma entrevista contando detalhes das dificuldades enfrentadas pela ex-doméstica, “que teve a sua infância e a adolescência roubadas enquanto servia os lares por onde passou”.

Confira a seguir, alguns trechos da reportagem do Portal Eufemea:

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Filha de cortadores de cana, a Luana Camilo conta que as mulheres da sua casa foram criadas para oferecer serviços pelo povoado onde cresceu. Ela começou a fazer bicos para conhecidos ainda criança e de emprego em emprego, e de abuso em abuso, Luana é uma sobrevivente da cultura da nossa sociedade. 

“Estava sempre arrumando bico por lá, lavava roupa e ganhava cinco reais, limpava quintal e ganhava uma blusa. Nas férias de São João e dezembro já era certo, íamos (eu e as meninas da cidade) trabalhar nas casas da parte litorânea, eu ia trabalhar para poder comprar um caderno, uma calça jeans, que era o sonho ter uma calça nova, e ainda ajudar com um trocado em casa”, relembra Luana.

“Éramos oito filhos de pais analfabetos, mas mesmo sem estudo minha mãe sempre quis que os filhos soubessem ler. Como saíam para cortar cana ainda de madrugada, meu irmão mais velho era encarregado de mandar todo mundo para a escola. Não tinha sandália para todo mundo ir no mesmo horário, então tínhamos uma estratégia: os mais velhos estudavam de manhã e os mais novos estudavam à tarde, que era pra usar a roupa e sandália de quem estava voltando”, conta.

E foi, de fato, o estudo que fez com que Luana ascendesse e mudasse a vida, não apenas dela, mas de toda a família. “Trabalhei como vendedora no comércio, depois fui auxiliar administrativo. Me destaquei como vendedora e fui promovida, nessa época tinha prestado vestibular e minhas notas tinham sido boas, eu conseguia entrar em vários cursos, mas ainda não entrava no de Direito. Meu chefe propôs pagar metade da minha faculdade. Depois, trabalhei como vendedora no shopping, às vezes era pagar o aluguel ou comprar comida. Minha mãe chegava com feira para mim, minhas amigas me levavam cuscuz e assim, aos pouquinhos, fui pagando minha faculdade. Aí voltei para a casa dos meus pais para estudar para a OAB e, em 2019, virei advogada”, conta.

Tribunal do Júri na Comarca de Atalaia.

Orgulho para a família

“Foi o maior orgulho para minha família, meu pai era conhecido como iludido no interior por dizer que a filha ia ser advogada. Até os meus colegas advogados no interior me diminuíram. Temos um país patriarcal, machista, com culturas violentas para as nossas crianças eu fui só mais uma vítima”, comenta.

Ela revela ao Eufêmea que só teve noção de tudo que viveu: assédio, violência emocional e sexual, quando ela se tornou adulta e cursando direito. “Aí fui entender a legislação, crimes sexuais, e todas as aulas que me falavam disso me batiam um gatilho forte porque eu passei por tudo aquilo”, completa.

“Eu poderia ser uma menina que por tudo que eu vivi, em vez de ser advogada, era forte candidata a ser cliente de alguém da área criminal”.

CLIQUE AQUI e confira a reportagem na integra.

* Com informações do Portal Eufemea - Meline Lopes 

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