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José Procópio de Albuquerque, o Seu Juca da Burarema

Foi um fazendeiro e plantador de cana-de-açúcar por excelência.

09/05/2022 às 12h30 Atualizada em 20/05/2022 às 15h53
Por: Phablo Monteiro
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José Procópio de Albuquerque.
José Procópio de Albuquerque.

José Procópio de Albuquerque, nasceu no município de Atalaia em 8 de julho de 1894. Foi o 4º de cinco filhos do casamento do senhor José de Albuquerque Pontes (Major Zezinho) com a senhora Maria Augusta de Albuquerque (Dona Lica).

Seu pai foi um dos mais destacados senhores de engenho na região da grande Atalaia (Atalaia-Capela-Cajueiro) e também foi politico, chegando a ocupar o cargo de vice-Intendente do município. Seus irmãos Francisco Albuquerque (Major Vigário) e André Albuquerque (Major Dé da Mumbaça) foram grandes agricultores na região. Também é irmão, só por parte de pai, de José de Albuquerque Pontes Filho (Zé Menino), outro importante agricultor em Atalaia. 

Tio do ex-prefeito de Atalaia, Luiz Vigário. Tio-avô dos ex-prefeitos Chico Vigário e Zé do Pedrinho. É bisavô do ex-vereador Fabrício Torres.

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De tradicional família atalaiense, foi José Procópio de Albuquerque, o Seu Juca, como carinhosamente era conhecido, “uma figura humana notável, muito querido e respeitado em toda Atalaia”, destaca Getúlio Pereira Leite, em artigo publicado no Jornal Folha Atalaiense, em 1998.

Muito bem casado com Marieta de Medeiros Albuquerque, com quem teve cinco filhos, entre os quais podemos citar: O primogênito, Amauri de Medeiros Albuquerque, casado com Dayse Lopes, filha do grande líder político, ex-prefeito e ex-deputado estadual Zeca Lopes; Ailton Medeiros de Albuquerque (Dindo) casado com Vitória; Yolanda Medeiros, casada com o fazendeiro capelense Clinton Melo; e Tânia Medeiros, que foi casada com o ex-vice-prefeito de Atalaia, o Dr. Elvio Alves Brasil.

Seu filho Ailton (Dindo), estudou no Rio de Janeiro, então capital federal, oportunidade em que pôde assistir a inauguração do Maracanã, em 1950, na Copa do Mundo do Brasil. Foi Ailton também um dos precursores e incentivadores da prática do futebol e do voleibol em Atalaia.

José Procópio de Albuquerque foi um fazendeiro e plantador de cana-de-açúcar por excelência, visto que gostava do que fazia. Também gostava de uma boa prosa. “Seu Juca da Burarema, possuidor de uma prosa que não acabava mais”, destacou Wild Silva, no artigo O Tempo e Eu III, publicado no Jornal Folha Atalaiense em 1996.

Quando ainda jovem herdou do Major Zezinho a Fazenda Cantinho, próxima a Estrada Branca, na divisa entre os municípios de Atalaia e Capela. Tempos depois adquiriu a Fazenda Dourada, esta localizada no município de Viçosa. Alguns anos mais tarde, compra o Engenho/Fazenda Burarema, em Atalaia, a qual administrou com brilhantismo até sua morte.

Localizada em uma linda região, onde se tem uma vista panorâmica da cidade, Burarema foi palco de grandes festas organizadas por Seu Juca. Com uma casa grande muito bonita, alpendrada, com primeiro andar e com estilo tipicamente colonial brasileiro. 

Casa-grande da Fazenda Burarema, onde foi residência de José Procópio de Albuquerque.

“À sua entrada, edificada num morro, avistava-se uma bonita cancela, muito gado, cana de açúcar e um pequeno açude bem cuidado. Suas casas menores, de moradores, eram todas bem arrumadas, dando-se uma ideia de quanto o senhor administrador, era organizado. Burarema era de uma beleza estonteante. Dividia-se com terras do Povoado Bittencourt, de onde surgia um pequeno córrego, fonte de água cristalina que Seu Juca, generosamente, transformou numa pequena, mas gostosa bica, onde se tomava um banho excelente. O banho de bica da Burarema era frequentado e aberto ao público em geral”, lembra em seu artigo, o atalaiense Getúlio Leite.

“Seu Juca era uma pessoa muito modesta. Vestia-se, invariavelmente, de branco, chapéu Ramezone, tamancos altos, magro, alto, olhos esverdeados, excelente pai de família; enfim, um cidadão exemplar”, ressalta Getúlio.

Quando jovem, foi enviado por seu pai para estudar na cidade de Recife-PE. Porém, cursou somente o 1º ano do ginasial. Adquiriu um carro da época FORD 1928. Mas, logo se desfez em virtude de um acidente automobilístico. Sua vocação mesmo era ser fazendeiro.

Também foi delegado de Polícia em Atalaia, nomeado pelo então Governador Interventor de Alagoas, Ismar de Goes Monteiro. Foi um curto período, de apenas quatro meses, onde imprimiu ordem e respeito à comunidade, deixando tal função por motivos particulares.

“Seu Juca tinha hábitos salutares, como ir a pé da Burarema até a Cidade Alta (Rua de Cima), a boquinha da noite, a fim de prosear com seu compadre Juca da Cajazeira (Joaquim Fortunato Bittencourt Filho). Bem como, pela manhã, às 06 horas, prosear com outro compadre, Seu Leite do Cartório, meu inesquecível pai”, recorda Getúlio.

Getúlio Pereira Leite nos traz em seu artigo um fato bem inusitado da vida do Seu Juca. “É que 20 anos antes de morrer, mandará construir um mausoléu para sua sepultura, justamente em suas terras que doou a Prefeitura para construção do cemitério local”.

Joaquim Procópio de Albuquerque, o Seu Juca da Burarema, faleceu em Atalaia no ano de 1974, com 80 anos de idade. Viveu e deu exemplo de humildade, deixando muitas saudades. Seu nome ficará para sempre nos anais da história de Atalaia, como um dos seus filhos mais ilustres. 

Em sua homenagem uma Escola na Fazenda Tabocas, em Atalaia, funcionou durante muitos anos com a denominação de Escola Municipal José Procópio de Albuquerque. Também dá nome a uma das principais avenidas do bairro José Paulino.

Em 1950, José Procópio de Albuquerque no casamento de seu filho Amauri com Dayse. Também na foto Isa Medeiros e Zeca Lopes.

* Com informações do artigo Juca da Burarema, de Getúlio Pereira Leite, publicado no Jornal Folha Atalaiense em 1998.

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