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História Homenagem

Pedro José de Oliveira

Dono de engenho e político, que representou os atalaienses no Poder Legislativo por quatro mandatos.

19/08/2021 às 19h13 Atualizada em 28/08/2021 às 09h57
Por: Phablo Monteiro
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Pedro José de Oliveira. Foto: Arquivo Familiar.
Pedro José de Oliveira. Foto: Arquivo Familiar.

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Pedro José de Oliveira nasceu na Fazenda Payssandú, Atalaia, Alagoas, em 22 de Fevereiro de 1899. Filho do Major Jacintho José de Oliveira e de Virgínia Cândida de Oliveira. Descende de uma tradicional família de fazendeiros e donos de engenhos, oriundos do agreste alagoano, que se estabeleceram nas terras férteis e acolhedoras de Atalaia.

Foi o quarto de um total de onze filhos do primeiro matrimônio do Major Jacintho, senhor do Engenho Payssandú em Atalaia e Conselheiro Municipal por dois mandatos (1901-1902 e 1903-1904). É irmão do ex-vereador João Miranda de Oliveira, este filho do segundo casamento do Major. É tio dos ex-vereadores atalaienses, João Miranda de Oliveira Filho e Neide Miranda de Oliveira Costa.

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Em 02 de Fevereiro de 1932, casa-se na cidade de Atalaia, com Isa Cabral de Oliveira, neta de seu tio José Sabino de Oliveira. Por parte de mãe, neta do político atalaiense Francisco Aureliano de Medeiros Cabral e bisneta do ex-intendente de Atalaia Antônio Toledo Machado.

O casal teve dois filhos: Paulo Cabral, engenheiro de minas, que reside em Belo Horizonte e Virgínia Cabral de Oliveira, falecida no ano de 2015.

Casou sua filha com Aldo de Amorim Tenório, neto do Coronel João Evangelista da Costa Tenório, ex-intendente do município de Atalaia.

Pedro, Isa, Paulo e Virgínia em 1952.

Pedro José de Oliveira era dono de Engenho, localizado na Fazenda São Pedro de Alcântara (próximo a Ouricuri), local onde residia e nasceram os filhos. Posteriormente, com a morte do pai, foi comprando as partes dos irmãos e assim adquiriu também a fazenda Payssandú.

“Quando eles se casaram, meu avô já  morava na fazenda São Pedro de Alcântara. Quando nasci, o engenho não funcionava mais. Meus avós tinham o poder de criar paraísos... era um lugar encantado com um jardim lindo e um pomar com muitas goiabeiras, mangueiras, cajueiros, jabuticabeiras e tantas outras fruteiras. Até hoje consigo lembrar do cheiro do caminho estreito da bica, um lugar úmido e cheio de bananeiras. Quando chagávamos perto precisávamos gritar: ”tem gente?”, para não pegar ninguém desprevenido. A água da bica vinha como um riacho que passava atrás da casa grande, onde brincávamos tanto e onde nosso primo Horácio enterrou os pés e achava, apavorado, que estava na areia movediça.”Nos conta sua neta Maria Betânia Tenório Sampaio.

O jornal Brasil Açucareiro, traz uma estatística do açúcar produzido em Atalaia no quinquênio 1927-1932 e nele podemos vê o desempenho das safras do engenho São Pedro de Alcântara, neste período:

Em 12 de março de 1946, foi um dos fundadores da Cooperativa de Plantadores de Cana do Vale do Paraíba. Esta cooperativa tinha o objetivo de instalar uma moderna Usina no município, “reunindo treze banguês, situados na fértil região do Município de Atalaia e Conceição, Paraíba (Capela)”, destacava edição da Revista Brasil Açucareiro.

Uma descrição sobre o Engenho São Pedro de Alcântara e também sobre seu proprietário está presente na revista pernambucana Anuário Nordestino, de março de 1952. “Está situado em uma das melhores zonas do município de Atalaia, cujos terrenos são os mais fertilíssimos para a cultura da cana de açúcar, as terras têm capacidade para três mil toneladas. Toda produção é aproveitada e industrializada no engenho. O industrial Pedro José de Oliveira é também herdeiro do Engenho Payssandú. Seu conceito na classe dos industriais do açúcar é digno de destaque, não só pela estima e consideração que desfruta entre todos, como pelo fato de ser um dos mais abnegados colaboradores pelo engrandecimento e progresso do Município de Atalaia, tendo exercido por várias vezes posição de destaque na política local. Incansável propugnador pela causa da sã democracia. É também exemplar chefe de família. Membro do conselho administrativo da Coop. Central dos Fornecedores de Cana e Bangueseiros das Alagoas, tem exercido esse alto posto com elevação de vistas”.

“Meu avô adoeceu e por volta de 1964 achou por bem arrendar a fazenda a Usina Ouricuri e assim, mortos de saudades, passamos para a casa da Chã de Jaqueira, onde morou nossa bisavó Alzira Cabral de Oliveira (Branquinha). Com a reforma da casa e seu capricho vovô criou outro paraíso.”

“Vocês não tem ideia do que era acordar naquela casa... Alice (ajudante antiga), batendo na cozinha, os cheiros que vinham de lá, os raios de luz nas brechas das telhas e das janelas, as gotículas de chuva que caiam das telhas, as vozes queridas que acordavam para o dia e a expectativa das reinações, explorações e brincadeiras que nos esperavam.” Completa Betânia.

Também foi político em sua terra natal, sendo eleito para representear os atalaienses por quatro mandatos, sendo três consecutivos. Na eleição de 07 de Outubro de 1922, obteve 120 votos para o Conselho Municipal, exercendo seu mandato de 1923-1925. Reeleito nas eleições de 07 de Outubro de 1924, obteve 220 votos de 1925-1928. Reeleito pela segunda vez em 07 de Outubro de 1927, com 179 votos e exercendo seu mandato de  07 de Janeiro de 1928 até novembro de 1930, pois com a consumação da Revolução, Getúlio Vargas dissolveu os Legislativos do Brasil.

Duas décadas mais tarde, volta à vida pública, nos anos 50, sendo eleito vereador pela UDN e representando seus conterrâneos na Câmara Municipal de 1955 a 1958. “Vovô Pedro era um homem sociável, homem de muitos e bons amigos. Chegou a ser cotado como prefeito de Atalaia, mas minha avó, temendo todo aquele fervilhar político, conseguiu persuadi-lo.” Destaca Betânia.

Faleceu na cidade de Maceió, em 10 de Agosto de 1994. Tinha 95 anos de idade. 

“Sempre contava que deixou de estudar cedo porque seu pai precisou de sua ajuda na fazenda e ele, como filho homem  mais velho, jamais poderia negar aquele pedido. Gostaria de ter concluído uma formação superior. Ele adorava escrever e gostava de homenagear as pessoas com crônicas (sempre publicadas em jornal local) e poesias. Também gostava de escrever cartas e na maioria das vezes nós, os netos, ditávamos  esses textos enquanto ele escrevia com sua caneta de pena. Lembro que as brincadeiras tinham que esperar enquanto torcíamos para ele não errar e ter que começar tudo novamente. Adorava contar histórias do seu passado o que muito nos ajudou a conhecer parte da história de nossa família. Amava música e sempre nos incentivou a aprender violão. A sala de sua casa na Chã tinha uma acústica maravilhosa e lá, muitas noites, tocávamos e cantávamos muitas modas antigas. Ele fazia, cheio de orgulho, umas batidas e floreios no violão. Doces lembranças...

Sua casa foi nosso porto seguro. Ele e minha avó Isa , foram nossos guardiões. Eram equilibrados em conceder limites e amor. Nos amparavam em todas as circunstâncias”, relata sua neta.

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