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História Homenagem

Ernesto Lopes de Vasconcellos

Foi Prefeito de Atalaia de 1926 a 1928

13/08/2018 às 19h05 Atualizada em 03/08/2023 às 20h58
Por: Phablo Monteiro Fonte: Livro Último Reduto dos Palmarinos - Vandete Pacheco / Site My Heritage
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Prefeito Ernesto Lopes de Vasconcellos
Prefeito Ernesto Lopes de Vasconcellos

Ernesto Lopes de Vasconcellos nasceu em Atalaia, em 23 de setembro de 1868. Filho único de Joaquim Lopes de Vasconcellos e Francisca Lopes de Vasconcellos. Neto, por parte pai, de Gustavo Lopes de Farias, que presidiu a Câmara de Vereadores de Atalaia de 1874 a 1876.

Em 1895, casou-se com a atalaiense Maria Luiza Duarte de Vasconcelos. Deste matrimônio nasceram seis filhos: Maria Hortência de Vasconcellos, Maria Amália Lopes de Albuquerque, Maria Cordélia, Ernesto Lopes Filho, Pedro Lopes de Vasconcellos e José Lopes Duarte, que posteriormente se tornou ex-prefeito de Atalaia por quatro mandatos. Além disso, Ernesto Lopes foi avô do ex-prefeito Aluisio Lopes de Medeiros.

Ernesto Lopes foi um renomado tabelião público, empresário e político destacado nas primeiras décadas do século XX. A paixão pela cultura e seu amor por de sua terra o levou a fundar a Sociedade Dramática de Atalaia e criar a "Banda Musical de Atalaia". Em 1921, organizou uma orquestra na cidade.

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Conforme relatado no livro "Atalaia, último reduto dos Palmarinos", escrito por Vandete Pacheco, o cinema chegou a Atalaia apenas em 1914. Ernesto Lopes foi o responsável por instalar a primeira empresa cinematográfica na cidade, o Cinema Clube, localizado no sobrado do Sr. Lopes Vieira. 

Em seu cinema, eram projetados filmes mudos, geralmente italianos, acompanhados por uma pianola tocada por Ernesto Lopes Filho. Naquela época, ainda não havia luz elétrica em Atalaia, então a empresa contava com um motor próprio de iluminação. A montagem do cinema, incluindo o motor de iluminação, aparelhagem, pianola e 180 cadeiras, custou a vultosa quantia de dez contos de réis. Os ingressos eram acessíveis apenas para os mais ricos, pois custavam 200 réis. Posteriormente, Ernesto Lopes fundou o Cine Fênix.

Vandete Pacheco também nos relata em seu livro que após o surgimento do cinema, o veículo de comunicação escrito "O ATALAIA" foi criado, provavelmente como consequência disso. Ernesto Lopes foi o fundador desse jornal, cuja tipografia funcionava no sobrado do cinema, sendo os tipógrafos os filhos do proprietário. O jornal tinha o tamanho de uma folha de papel ofício, era publicado semanalmente e a assinatura custava 200 réis por mês.

Em 1921, Ernesto Lopes solicitou ao governo estadual os direitos para explorar o serviço de iluminação pública e particular, sendo-lhe concedido pela Lei nº 943 de 26 de fevereiro daquele mesmo ano. A empresa foi finalmente inaugurada em 1925, após algumas complicações na construção. Posteriormente, a empresa passou por diferentes proprietários até a eletricidade de Paulo Afonso chegar a Atalaia, em 1962, quando a CEAL estendeu o serviço.

Em 1925, Ernesto Lopes, com a ajuda do industrial Barão Félix Vandesmet, instalou um eficiente meio de comunicação privativo do tipo Quelogg, movido a veio de manivela. Havia um total de 10 aparelhos instalados: na prefeitura, na Usina Brasileiro, na estação ferroviária, nas fazendas Timbó, Lages, Paissandu e outras.

Ernesto Lopes também se destacou por sua atuação política. Em 1926, foi eleito prefeito de Atalaia e, posteriormente, em 1930, elegeu-se deputado estadual. 

O prefeito Ernesto Lopes fez uma promessa aos atalaienses durante sua campanha eleitoral, de que a tão sonhada ponte sobre o Rio Paraíba seria construída em sua gestão, com ou sem ajuda dos poderes estaduais. Muitos duvidavam dessa promessa, devido à escassez de recursos no município e à falta de influência do candidato nos círculos governamentais. 

O Coronel João Tenório descria tanto da construção da ponte que disse que passaria por baixo dela no dia da sua inauguração, assistindo a festa todo molhado.

No entanto, ele cumpriu sua palavra e resolveu o problema por conta própria. Com a ajuda de seu amigo Rodolfo César, de São Miguel dos Campos, que doou toda a madeira, a qual foi transportada em juntas de boi de carros, arrastada até o local. O Barão Felix Vandesmet ofertou todo o cimento. A prefeitura entrou apenas com a mão de obra.

A inauguração ocorreu em 1927, com grandes festas, mas sem a presença do Governador Costa Rego, que não foi convidado. 

Após inspeção de um engenheiro, a ponte foi considerada conforme os requisitos da engenharia e recebeu o nome de "Ponte Ernesto Lopes de Vasconcelos". Atualmente, o lastro de madeira foi substituído por cimento, permitindo apenas a passagem de carros de pequeno porte.

A renomada escritora atalaiense, Vandete Pacheco, também nos conta que Ernesto Lopes dotou Atalaia de importantes estradas municipais. Pela dificuldade de recursos no município improvisava instrumentos de trabalho; para abrir a estrada de Branca de Atalaia, improvisou uma planadeira com uma taxa de engenho, amarrada em correntes e puxada por carros de bois.

Ernesto Lopes de Vasconcellos faleceu em 1961, aos 93 anos de idade, em Maceió, onde residia com sua filha Maria Hortência. Seu corpo foi levado para ser sepultado em sua amada cidade de Atalaia.

Ernesto Lopes foi um homem notável que contribuiu significativamente para o desenvolvimento de Atalaia, deixando um legado cultural, social e político que deve ser lembrado e valorizado na história da cidade.

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